sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

As mulheres e a pandemia

Vivemos uma crise sanitária sem precedentes, acompanhada de uma crise política e econômica que se apresentavam antes da pandemia. A pandemia fez aflorar problemas que existiam em nosso país.
Além dos problemas de desemprego e falta de programa de desenvolvimento econômico e geração de emprego e renda, juntam-se as pautas como o aumento da violência contra mulheres, negros e LGBTs.
Os noticiários, a todo instante, trazem situações de violência que foram acirradas durante esse período de pandemia.
No caso específico das mulheres, a pandemia ao mesmo tempo que trouxe a redução de ocorrências nas delegacias da mulher, trouxe o aumento de feminicídios. Dados da Agência Brasil mostram que houve um aumento de 44 % de violência contra a mulher na pandemia, o que indica que houve subnotificação nesse período. Entre março e agosto, ocorreram 497 feminicídios no Brasil.
Em Maringá, dados da Delegacia da Mulher apontam para: 1994 boletins de ocorrência; 870 inquéritos e 1070 medidas protetivas. Ao comparar com anos anteriores, percebe-se que os boletins de ocorrência têm aumentado paulatinamente.
Mesmo diante de iniciativas de algumas delegacias da mulher de disponibilizarem o boletim de ocorrência on line, sabe-se que a grande maioria das mulheres usam celulares pré-pagos que muitas vezes, não tem acesso facilitado aos serviços.
O que torna as mulheres mais vulneráveis na pandemia é o confinamento com seu parceiro, que se torna agressor ou possuía histórico de agressor.
Além de serem as mais expostas ao coronavírus por ser a maioria da população, as mulheres usam mais o transporte coletivo, são em número maior de trabalhadoras no comércio e movimentam a economia local e da área central das cidades.
Junte-se a isso, o fato de as escolas terem sido fechadas pela pandemia, ocasionando uma sobrecarga maior para as mulheres, no cuidado com as crianças, também nas atividades escolares.
Todos esses fatos foram discutidos, inclusive, no período eleitoral, fortalecendo a necessidade de mais mulheres na política. Infelizmente, passado o período eleitoral, mesmo diante de algumas conquistas, continuamos no mesmo patamar de 10 % de mulheres na política. Ve-se, agora, as mulheres eleitas, negras, lgbts sofrendo ataques de ódio nas redes sociais, inclusive com ameaças de morte.
Dessa forma, a violência contra a mulher, desde a violência doméstica até a violência na política, no mundo do trabalho e nas ruas, mostra que é necessário o fortalecimento da luta por um mundo mais justo, fraterno e igualitário.
“Por nenhuma a menos, quando uma sobe puxa a outra, ninguém está sozinha” precisam, mais do nunca, serem chamadas concretas com ações firmes para que as mulheres tenham uma vida digna e sem medo.
 

 
 
Tania Tait, professora, escritora, coordenadora da ONG Maria do Ingá Direitos da Mulher.

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