segunda-feira, 23 de junho de 2014

Mundo dos homens, a Mulher e a Política

          
Ao pesquisar a história das mulheres, deparamos com a mulher ocupando sempre um espaço subalterno, seja qual for a cultura, a classe social ou grau de escolaridade. Em alguns povos, a situação é de invisibilidade da mulher, em outras é um machismo camuflado.
O Brasil está classificado como um país de “machismo camuflado”, pois nossas mulheres trabalham, estudam e participam de quase tudo, no entanto, são violentadas, assassinadas e desprestigiadas quando assumem funções de tomada de decisão. Temos altos índices de violência contra a mulher, mínima participação na política e maior grau de escolaridade, ou seja, ao mesmo tempo que estamos mais qualificadas, contraditoriamente, estamos sendo violentadas e com menor participação nos espaços de poder. As estatísticas colocam o nosso Estado do Paraná, por exemplo, entre os mais violentos do país com as mulheres.
Além disso, a estrutura da sociedade foi organizada, totalmente, sob o ponto de vista masculino, haja visto as bandeiras de lutas dos movimentos de mulheres por escolas em tempo integral, lavanderias comunitárias, divisão de tarefas domésticas, pela não violência contra a mulher, não ao assédio sexual, entre outras, as quais buscam colocar as necessidades do dia-a-dia das mulheres no mundo privado e no público.
Sem falar no feminicídio que é aceito por essa sociedade masculinizada ao transformar a vítima em culpada e aceitar a tese de “matou por amor” inocentando o assassino. Ou ainda a máxima machista que considera que a mulher foi estuprada porque estava vestindo roupa imprópria, como se ela fosse a culpada e não a vítima.
Por tudo isso e muito mais, a vitória da Dilma Roussef para Presidenta do Brasil é um marco na nossa história, remando contra a maré do machismo reinante na política. Veja o caso do Paraná, são 54 cadeiras na Assembléia Legislativa, com apenas 4 deputadas. Historicamente, a eleição de nossas mulheres é resultado de herança eleitoral do pai, marido, irmão etc. Nos últimos anos, entretanto, esse perfil tem mudado e começam a surgir mulheres oriundas de movimentos sociais sem vínculo de herança eleitoral familiar.
A política que, também é palco de supremacia masculina no espaço de tomada de decisão, delega  às mulheres o papel de observadoras e executoras das atividades operacionais.
Para as mulheres que alcançam os espaços de poder, a trajetória não é fácil, pois, além de ter que mostrar maior competência que os homens, as mulheres ainda são alvo de piadas de mau gosto e comentários desabonadores.

Nesse espaço masculinizado, nada nos é dado. As nossas conquistas são obtidas com muito esforço, dedicação e persistência, o que nos leva a refletir que ainda falta muito para que realmente possamos ter uma representação plena na política, com a participação efetiva das chamadas “minorias” (mulheres, movimento negro, movimento gay, entre tantos) que lutam por garantir seus direitos.
Precisamos mudar essa história e acabar com o machismo que ainda aparece no nosso dia-a-dia, quando uma mulher é ironizada no trânsito, quando depreciam sua capacidade e qualificação profissional, quando violentam, batem e assassinam as mulheres, quando não há divisão de tarefas domésticas e cuidados com os filhos e filhas ou  quando há barreiras para atuação na política.
Pelo fim da discriminação contra a mulher! Pela atuação da mulher onde ela quiser! Pela mulher na política!



domingo, 8 de junho de 2014

7 em cada 10 mulheres são ou serão vítimas de agressão, segundo a ONU

Insegurança e temor podem causar
transtornos psicológicos e até físicos.
FreeImages
Medo. É isso o que impede grande parte das mulheres de denunciar atos de violência sofridos em casa, no trabalho, na rua. Segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas), 7 em cada 10 mulheres no mundo são, ou virão a ser, vítimas de agressão por parte de parceiros, familiares ou desconhecidos.
Abuso físico, ameaças, intimidação psicológica, assédio e violação sexual estão entre os principais casos. Estatísticas do Banco Mundial indicam que mulheres de 15 a 44 anos correm mais risco de estupro e violência doméstica do que de desenvolverem câncer, passarem por acidentes de carro, guerra ou malária.
Traumas que ficam
Além da insegurança de ficar em casa ou sair na rua, muitas mulheres que passam por agressões também se sentem incapacitadas de fazer algo por elas me
smas. “Na maioria dos casos, essas vítimas são colocadas em tal situação de inferioridade que não conseguem reagir; esse é o momento em que mais precisam de apoio”, afirma Ivone Minhoto Meinão, vice-presidente da seção São Paulo da ABMM (Associação Brasileira de Mulheres Médicas) e participante do Fórum “Violência contra a mulher: aspectos jurídicos, penas e ações de apoio médico e governamental”, realizado em 31 de maio.
Segundo ela, o estresse devido à agressão contínua, ainda que verbal, pode gerar doenças graves na mulher. “Quando a pessoa se reprime e não consegue lidar com um problema que inicialmente é psicossomático, este pode se tornar real.”
Denúncia sim
Um estudo do Ipea aponta que, entre 2001 e 2011, ocorreram mais de 50 mil feminicídios no Brasil. Isto significa que, a cada ano, 5 mil mulheres foram mortas. Aproximadamente um terço dos crimes ocorreu na residência da vítima.
“Nós temos acompanhado e digo que esse número não diminuiu: estatísticas mostram que cerca de duas mulheres são assassinadas a cada duas horas dentro de casa, onde estariam seguras não fosse a violência machista”, afirma Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres no Brasil.
Muitas dessas perdas poderiam ter sido evitadas se as vítimas tivessem denunciado os agressores. “A denúncia é o primeiro passo para que a mulher acesse seus direitos e se posicione contra a impunidade”, ressalta Gasman. “Recomendamos procurar serviços como o Ligue 180 e as casas de acolhimento.” Atualmente, existem 600 delegacias, 90 juizados e 40 defensorias especializados em violência contra a mulher no país.

Maria da Penha luta pela causa feminina | Alan Marques/Folhapress
Sancionada em 7 de agosto de 2006, a Lei Maria da Penha, nº 11.340, entrou em vigor em 22 de setembro do mesmo ano e está bem perto de completar oito anos. O texto estabelece que todo caso de violência doméstica e intrafamiliar é crime e deve ser apurado por inquérito policial e remetido ao Ministério Público.
Além de acabar com as penas que antes eram pagas pelos agressores com cestas básicas e multas, a lei também passou a tipificar as situações sofridas pelas mulheres, o que inclui as violências física e sexual, além da psicológica, patrimonial (controle dos bens e finanças) e o assédio moral.
Recentemente, um projeto de lei entrou em discussão no Congresso Nacional para alterar a Lei nº 11.340. De acordo com  nova  proposta, o agressor deveria ser afastado imediatamente da mulher ameaçada ou violada, a mando do delegado que receber a queixa. Hoje em dia, somente o juiz pode determinar tal medida.
Quem é ela?
O nome da lei foi escolhido em homenagem à biofarmacêutica cearense Maria da Penha, que foi agredida pelo marido durante anos. Por duas vezes, ele tentou matá-la e, em uma das ocasiões, ela ficou paraplégica. Penha atua em movimentos sociais que combatem a violência contra as mulheres.  

Fonte: http://www.metrojornal.com.br/